Comemora-se no próximo dia 5 de Outubro de 1910 o 1º centenário da República em Portugal. Muitos foram os factores que, cumulativamente, contribuíram para a queda da monarquia nesse dia histórico. Entre eles poderemos mencionar:
- O crescimento do Partido Republicano - sustentado num sábio aproveitamento dos desaires da monarquia - por via da propaganda na imprensa, de uma colagem aos festejos populares em memória de figuras simbólicas nacionais, como foi o caso das comemorações do tricentenário da morte de Camões (1880), do centenário da morte de Marquês de Pombal (1882) e do 7º de Santo António (1894) em Lisboa e, ainda, do aproveitamento político dos escândalos que marcaram os últimos tempos da monarquia, como os monopólios do tabaco e dos fósforos e da “questão dos adiantamentos” à família real.
- O Ultimato inglês de 1890, gerou uma onda de protestos e revolta contra os ingleses e foi visto como um sinal de fraqueza do rei D. Carlos I por ceder aos interesses do nosso mais antigo aliado e inviabilizou a concretização do projecto colonial português, expresso no chamado Mapa Cor-de-rosa. Foi no rescaldo dos protestos contra a Inglaterra que se lançou a “Grande subscrição nacional”, destinada a recolher fundos para a aquisição de navios de guerra para a Marinha portuguesa.
Recibo da Grande Subscrição Nacional
Foi ainda neste contexto, que Henrique Lopes Mendonça compôs a letra da canção patriótica "A Portuguesa" onde apela a “marchar contra os canhões” dos ingleses, que seria musicada por Alfredo Keil. "A Portuguesa", foi apropriada pelos republicanos e tornou-se hino nacional em Junho de 1911.
- A revolta do 31 de Janeiro, no Porto, em 1891, considerada a primeira tentativa para derrubar o regime.
- A instabilidade política decorrente do desgaste do modelo rotativista (alternância no poder dos Partidos Regenerador e Progressista) vigente desde o período da Regeneração, que motivava frequentes quedas dos governos;
- A Ditadura de João Franco (1907-1908). Ao decretar o encerramento do Parlamento e a censura à imprensa, João Franco não conseguiu calar a oposição republicana antes contribuiu para um aumento da contestação à monarquia e empurrou-a para a desgraça como previu Júlio Vilhena, no Diário Popular, de 20 de Outubro: “Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução”.
A ditadura de João Franco, fomentou também a luta das organizações secretas, como a Carbonária, contra o regime monárquico. - O regicídio, a 1 de Fevereiro de 1908, de D. Carlos e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, perpetrado por José dos Reis da Silva Buiça e Alfredo Luís da Costa.