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A proclamação da República Portuguesa

A proclamação da República Portuguesa

sábado, 24 de julho de 2010

O 5 DE OUTUBRO DE 1910

Lisboa e o Tejo serviram de palco à revolução de Outubro que deveria ser comandada por um militar, o almirante Cândido dos Reis, e um civil, Miguel Bombarda. Digo, deveria porque ambos acabaram por morrer não podendo, por isso, liderar os acontecimentos.
Os revoltosos saíram para a rua à 1 hora da madrugada de 4 de Outubro, a partir de dois pontos da cidade:
- Quartel de Marinheiros, em Alcântara
- Regimento de Infantaria 16, em Campo de Ourique.
Os militares do regimento de Infantaria 16, entre os quais se encontrava Machado dos Santos, dirigiram-se para o quartel do Regimento de Artilharia 1, onde eram aguardados por outros revolucionários em armas. As tropas dividiram-se em duas colunas, sob o comando dos capitães Sá Cardoso e Afonso Pala e seguiram, uma, para O Palácio das Necessidades, onde tinham por missão prender o rei D. Manuel II, e a outra, para o quartel da Guarda Municipal, no Carmo. Esses objectivos não foram, porém alcançados.
A não concretização dos objectivos por parte das duas colunas saídas de Artilharia 1 obrigou-as a retirar, tendo-se posteriormente juntado na rua S. João dos Bencasados, em Campo de Ourique. Dali partiram para a Rotunda, através da rua Alexandre Herculano, instalando-se no Parque Eduardo VII, onde aguardaram o ataque das forças monárquicas, formadas pela Guarda Municipal e pela Polícia e consideradas superiores à dos revolucionários em termos materiais e de efectivos.
Este desequilíbrio de forças foi contrabalançado pelo apoio activo do povo de Lisboa que se colocou ao lado dos revoltosos nos lugares mais decisivos. Na Rotunda, apoiou Machado dos Santos e inutilizou muitas tentativas monárquicas de ataque ao acampamento; em Alcântara, entrincheirou-se no quartel de Marinheiros e ali enfrentaram o ataque das forças monárquicas que guarneciam o Palácio Real das Necessidades. No Tejo, foi também um grupo de civis que colaborou com os republicanos no controlo dos navios de guerra “S. Rafael” e “Adamastor”, enquanto outro grupo colaborava no assalto ao cruzador “D. Carlos”, cujos militares viriam a aderir ao movimento na tarde de 4 de Outubro, após uma posição, inicialmente neutral.
Na madrugada de 5 de Outubro o apoio dos populares revelou-se mais uma vez decisivo, contribuindo quer para a desmoralização das forças monárquicas, quer para a frustração de várias tentativas de ataque ao acampamento da Rotunda, quer ainda para a retirada das forças monárquicas estacionadas no Rossio. Assim, perante a deserção dos oficiais de alta patente e de soldados do acampamento revolucionário da Rotunda, foi o povo que facilitou as comunicações e permaneceu ao lado de Machado dos Santos, considerado o protagonista da revolução.
Perante a vitória reconhecida dos republicanos em virtude do impasse militar, da desmoralização das tropas monárquicas e da hostilidade popular à monarquia, D. Manuel II e a família real (rainhas D. Amélia e D. Maria Pia e infante D. Afonso) partiram para o exílio, na praia da Ericeira, rumo a Gibraltar.
O Governo provisório, proclamado na manhã de 5 de Outubro de 1910, das janelas da Câmara Municipal, foi confiado a Teófilo Braga.



José Relvas proclama a República das janelas dos Paços do Concelho



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